Mérito Florestal

CENIBRA recebe homenagem do Governo de Minas


O Diretor-Presidente da CENIBRA, Fernando Henrique da Fonseca foi um dos homenageados com o Diploma do Mérito Florestal, instituído pelo Governo de Minas Gerais. O Diploma de Mérito Florestal é uma homenagem concedida pela Secretaria de Meio Ambiente a pessoas físicas ou jurídicas de direito privado ou público, que se destacaram na execução de trabalhos de proteção e desenvolvimento florestal no Estado de Minas Gerais, como reflorestamento com plantas nativas e exóticas; formação de florestas de produção ou de proteção; desenvolvimento de trabalhos técnicos, pesquisa, ensino, fomento e extensão rural. A CENIBRA é a primeira empresa brasileira a receber simultaneamente as certificações do Conselho de Manejo Florestal (Forest Stewardship Council - FSC) e do Programa Nacional de Certificação Florestal (CERFLOR).
O Jornal do Meio Ambiente conversou com Germano Aguiar Vieira, diretor da Celulose Nipo-Brasileira (CENIBRA) e presidente da Associação Mineira de Silvicultura sobre o recebimento do Diploma.

JMA: Qual importância de receber um reconhecimento como esse, o Diploma de Mérito Florestal, pelo trabalho que vocês vêm desenvolvendo com os fazendeiros? Como se desenvolve esse programa?

Germano Aguiar Vieira: A CENIBRA completa 20 anos de parceria com os fazendeiros florestais, agora em 2005. Nós temos 850 parceiros, fazendeiros que no entorno de 60 municípios reservam um pedaço de sua fazenda para o plantio de eucalipto e assim fornecer madeira à CENIBRA.

JMA: Como foi a reação deles no início do projeto?

Germano Aguiar Vieira: Antigamente o eucalipto era uma cultura bastante desconhecida e por ser desconhecida o pessoal tinha medo e tinham aquelas falácias de que o eucalipto secava a terra e etc. Foram publicadas inúmeras teses, por 32 universidades, entre elas a Universidade Federal de Viçosa e de Lavras, que refutaram essas inverdades que saíram sobre o eucalipto. Esse era o primeiro medo do fazendeiro. O segundo medo era que, para participar desse programa, ele tinha que legalizar a sua parte de terra, ou seja, a parte de reserva legal e de preservação permanente. O fazendeiro era obrigado a organizar para que pudesse participar do programa. Desse convênio participam a CENIBRA, os fazendeiros e o IEF, sendo o Instituto responsável pela licença e por determinar o local para plantio. A partir das primeiras colheitas, o fazendeiro começou a observar que dava mais dinheiro do que a atividade de pecuária dele, na ordem de três a cinco vezes mais dependendo da região, e ele começou a se interessar cada vez mais pelo projeto e essa história começou a caminhar e se espalhou. Hoje 71% dos fazendeiros moram nas fazendas e continuam tendo grande parte da atividade da fazenda ligada à pecuária, ao plantio de café ou à outra atividade que já conduzia anteriormente. O eucalipto, o plantio de florestas veio ocupar uma parte da fazenda e com isso o fazendeiro se organizou, ficando legal da parte ambiental. Acho que de certa forma ganhou todo mundo: a empresa, por dividir seus negócios com o fazendeiro; o fazendeiro com uma renda quinzenal da madeira e ganhou a sociedade de um modo geral que tem o zoneamento ecológico em cada fazenda, na qual a reserva legal foi preservada, a área de preservação, utilizando cada de área de acordo com sua característica.

JMA: Uma árvore nativa não é igual à uma árvore plantada para exploração econômica, como a legislação interpreta hoje o manejo dessas duas árvores? Como é o rigor no trato dessas duas árvores?

Germano Aguiar Vieira: A floresta nativa tem um manejo diferenciado conduzido pelo IBAMA e o IEF, mas não sei os detalhes. A floresta plantada é colhida na totalidade, mas para cada floresta plantada você preserva quase que um outro hectare de floresta nativa e reserva legal. São dois processos completamente diferentes, uma é floresta com toda a biodiversidade e a outra é uma cultura de árvores.

JMA: Alguns silvicultores reclamam que a legislação cria uma série de dificuldades para o manejo da árvore plantada, equiparado quase que a uma árvore nativa, isso procede?

Germano Aguiar Vieira: Para fazer a colheita de uma árvore de uma floresta que você plantou, você paga taxas e passa por um processo muito burocrático. Existe sim um excesso de burocracia, hoje já está melhorando bastante.

JMA: O decreto que está sendo assinado hoje, para que a madeira comprada tenha a certificação de origem, vai colaborar com o setor?

Germano Aguiar Vieira: Sim. O IEF vai ter que garantir que essa madeira é certificada ou no mínimo de uma procedência ecologicamente correta.

JMA: Mas sendo como por exemplo da FSC (Forest Stewardship Council), é importante sinalizar para que o mercado consumidor separe quem planta de maneira adequada de quem não planta?

Germano Aguiar Vieira: O FSC e o Cerflor são dois selos de manejo florestal extremamente importantes para que você faça o seu projeto de cultura de árvores com uma abrangência maior, não só da parte técnica, de preservação, de cuidado com o manejo ambiental, com as bacias hidrográficas, mas também com toda a parte social e todo o impacto social que esse projeto causa e que qualquer projeto industrial pode causar. É um selo de abrangência muito maior que extrapola a parte técnica, ambiental e florestal.

JMA: O senhor percebe no consumidor uma percepção de melhoria de mercado se você tem uma madeira certificada ou isso ainda não dá para ser percebido?

Germano Aguiar Vieira: No caso da empresa servir à exportação, o mercado externo já começa a exigir uma celulosa certificada. A Europa e os EUA já começam a ter uma demanda para produtos de origem certificada, no Brasil essa visão ainda é pequena.


Matéria originalmente publicada no Jornal do Meio Ambiente - Edição: Setembro/2005.

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