8º Congresso APEDEMA/RJ

VIII Congresso da APEDEMA/RJ


O VIII Congresso da Assembléia Permanente de Entidades em defesa do Meio Ambiente do Rio de Janeiro (APEDEMA/RJ) aconteceu nos dias 18, 19 e 20 de março, no Centro de Formação de Líderes em Nova Iguaçu. Na abertura do evento estiveram presentes o Prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, o Presidente do CREA, Reynaldo Barros, o Coordenador Nacional do Movimento de Cidadania pelas Águas, José Chacon de Assis, Secretário Executivo da APEDEMA/RJ, José Miguel da Silva, o secretário de Meio Ambiente daquele município Luiz Henrique Zanetta, o Deputado Federal Babá (PT/PA) e o Padre Roy, representando o bispo de Nova Iguaçu Dom Luciano.
O evento que tem por objetivo reunir entidades filiadas à APEDEMA/RJ para debater temas relevantes sobre meio ambiente e a partir daí definir prioridades para o movimento ambiental do Estado e as alianças que devam ser estabelecidas para viabilizá-las, teve como tema “Construindo uma gestão ambiental para Bacia Hidrográfica”, chamando a atenção para os recursos hídricos. Este foi o primeiro evento da Assembléia sem a parceria efetiva com o CREA/RJ.
Na abertura, feita pelo Secretário Executivo da APEDEMA/RJ e Coordenador Geral da Sociedade Angrense de Proteção Ecológica (SAPÊ), Ivan Marcelo Neves, foi ressaltada a importância de se fortalecer a luta ambientalista e disse que as mortes de Dorothy Stang e Dionísio Júlio Ribeiro Filho - ambientalistas mortos por defenderem causas ambientais – só serviram para aumentar a vontade de lutar pelas questões sócio-ambientais.
Lindberg Farias aproveitou a ocasião para pedir auxílio dos que estavam presentes nas lutas ambientais que irão enfrentar, já que este assunto fará parte do eixo central do governo. Assim como o prefeito, o Secretário Municipal de Meio Ambiente, Luiz Henrique Zanetta, ressaltou a importância da sociedade civil juntar-se ao governo municipal para traçar projetos sócio-ambientais para a melhoria da qualidade de vida em Nova Iguaçu e disse que esta será uma gestão de portas abertas, mas que não adianta tê-las abertas se a população não for até lá para acompanhar os trabalhos da prefeitura.
Os participantes do Congresso puderam conhecer alguns pontos importantes da cidade de Nova Iguaçu, entre eles o bairro de Tinguá, onde fica localizada a Reserva Biológica de Tinguá e o Centro de Tratamento de Resíduos, localizado em Adrianópolis e o primeiro no Brasil a ter condições para emitir créditos de carbono de acordo com o Protocolo de Kyoto.
Os ambientalistas que optaram por visitar Tinguá fizeram uma homenagem ao ambientalista Dionísio Júlio, no local em que ele foi assassinado no dia 22 de fevereiro deste ano e reforçaram o que vem sendo dito desde a morte dele e da missionária Dorothy Stang: essas perdas só serviram para aumentar a união e a vontade de lutar.
A visita ao Cento de Tratamento de Resíduos, em Adrianópolis, apesar de corrida, serviu para mostrar que o gerenciamento de resíduos é possível e pode trazer benefícios para o município, visto que o CTR é o primeiro a fechar contrato com o governo da Holanda para a venda de créditos de carbono.
Apesar dos representantes do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) Manuel Serrão, Gerente de Sustentabilidade do FNMA e Geórgia Patrício Pessoa, Coordenadora de Meio Ambiente estarem presentes para apresentar o Programa de Elaboração de Projetos, desenvolvido pelo FNMA, para facilitar a avaliação e aprovação de projetos ambientais e assim liberar os recursos do Fundo, eles precisaram driblar algumas hostilidades por parte dos participantes que enxergaram neles o governo federal e, logo, despejaram discussões e críticas inclusive sobre a Transposição do Rio São Francisco. A Coordenadora de Meio Ambiente mostrou de forma sucinta como funciona o software do Programa de Elaboração de Projetos – distribuído em CD e que pode ser baixado em www.mma.gov.br/fnma - que facilita a elaboração de um projeto por quem não tem idéia de como fazê-lo. A idéia, segundo Geórgia Patrício, é fazer com que as entidades tenham acesso aos recursos, já que esse processo sempre foi dificultoso e por vezes o projeto não estava com todas as informações necessárias e exigidas pelo FNMA.
Entre as críticas recebidas pelos representantes, uma dizia que existiriam cartas marcadas no FNMA, o que facilitaria e privilegiaria os projetos de algumas entidades em detrimento de outras. O Gerente de Sustentabilidade Manuel Serrão fez questão de responder dizendo não ter tomado conhecimento deste tipo de esquema dentro do FNMA e ressaltou que qualquer cidadão pode ser um conselheiro do Fundo, para que tudo seja feito da forma mais clara possível.

O assessor de meio ambiente do CREA/RJ, Adacto Ottoni, falou sobre a Gestão Ambiental por Bacias Hidrográficas e criticou o governo federal por causa do projeto de Transposição do Rio São Francisco, que na visão dele não é uma solução sustentável, mas sim simplista, já que não existe investimento para recuperar o solo desertificado. Na opinião dele, pensar em gestão sustentável dos recursos hídricos, é pensar nas futuras gerações.
O painel sobre as novas perspectivas para a gestão municipal do meio ambiente, ministrado pelo do Secretário de Meio Ambiente de Nova Iguaçu abordou a importância de fazer com que a comunidade se aproprie do lugar por meio de projetos para o cotidiano e também a parceria com a escola para o desenvolvimento de projetos sócio-ambientais. Há pouco tempo na cidade, já que ele vem de Santo André onde também trabalhou na administração pública, Zanetta disse que precisará do apoio da comunidade iguaçuana para poder desenvolver os projetos ambientais na região.


Matéria originalmente publicada no Jornal do Meio Ambiente - Edição: Março/2005.

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