Jornada de Educação Ambiental

Tinguá sediou a I Jornada de Educadores
Ambientais da Baixada Fluminense

Aconteceu nos dias 13 e 14 de maio, no Centro de Referência Ambiental Chico Mendes, em Tinguá, a I Jornada de Educadores Ambientais da Baixada Fluminense, que tem por objetivo a criação de uma rede de educadores ambientais da baixada fluminense.

Durante os dois dias os educadores e demais participantes tiveram palestras, debates e oficinas sobre educação ambiental e suas vertentes.

O evento, organizado pela Entidade Ambientalista Onda Verde, contou com a participação de educadores, formadores de opinião e representações políticas dos municípios da Baixada Fluminense, entre eles o prefeito de Mesquita, Artur Messias.

Na abertura do evento, o Diretor de Relações Institucionais da Onda Verde, Hélio Vanderlei, falou sobre a concretização de um sonho que é a estrutura do Centro de Referência Ambiental e sobre a luta de várias pessoas que construíram suas histórias na Baixada Fluminense, visando sempre a mudança de comportamento na sociedade.

Hélio Vanderlei falou dos trabalhos que o consórcio de ONG’s – Águas de Tinguá, Onda Verde e Instituto Terra – estão desenvolvendo na Baixada e a importância da jornada para a concretização de objetivos como o saneamento ambiental, a coleta seletiva e o aterro sanitário.

- Juntar pensadores e promover debates é o caminho para concretizar sonhos – diz o Diretor de Relações Institucionais da Onda Verde.

Ele aproveitou o evento para comunicar a assinatura de um convênio entre a Onda Verde e a Universidade Livre do Meio Ambiente (UNILIVRE), com sede no Paraná, para trazer para Nova Iguaçu o primeiro campus avançado da UNILIVRE. O convênio visa fazer de Tinguá uma referência da Baixada Fluminense em Educação ambiental, políticas públicas e Meio Ambiente.

Segundo a coordenadora pedagógica da Onda Verde, Célia Bonilha, a idéia de fazer a jornada surgiu de uma carência identificada em um outro projeto da instituição que é o projeto “Educação Ambiental nas Escolas, qualidade e sustentabilidade”.

Nesse projeto eles recebem no máximo 25 alunos e 3 professores para passar um turno na Onda Verde, para participar de atividades voltadas para o meio ambiente, visitas guiadas a sítios parceiros, onde os alunos podem conhecer um pouco da biodiversidade de Tinguá.

- Com a vinda dos jovens, percebemos a dificuldade dos professores trabalharem a transversalidade. Então decidimos fazer a jornada com o objetivo de formar multiplicadores ambientais, para formarmos uma rede. Esse primeiro encontro foi necessário para sensibilizar esse público – diz a coordenadora.

Quando agendamos a visita da escola à Onda Verde, procuramos saber qual a carência da região, ou seja, qual o assunto que a professora ou diretora da escola gostaria que nós abordássemos com os alunos. O Sítio do Escravo Bento (Bento foi um artista plástico da região), por exemplo, está inserido no entorno da reserva, logo a visita dos alunos à esse sítio dá a real noção da mata atlântica, dos animais que tem na reserva, sem precisar entrar nela.

Em contrapartida, a Onda Verde leva os alunos de Tinguá para o Parque Municipal Chico Mendes (Barra da Tijuca), com o qual firmaram uma parceria, para que os alunos possam comparar as espécies existentes em cada região.

- Como a procura para inscrições nessa jornada foi muito grande, pretendemos fazer uma segunda jornada em setembro para atender este público que não pode participar por falta de espaço – diz Célia Bonilha.

Com relação à Unilivre, a coordenadora disse que esperam aumentar a qualidade de vida e ambiental da Baixada Fluminense, começando por Tinguá e, através de um consórcio de ONG’s, tentarão cobrir as necessidades da Baixada Fluminense com essa parceria.

Em seu discurso o prefeito de Mesquita Arthur Messias falou da facilidade de se sonhar e das dificuldades em se construir os sonhos. Ele ressaltou que apesar da Baixada ter um crescimento desordenado, ela tem a vantagem de ter um grande patrimônio ambiental, citando a Reserva Biológica de Tinguá e o maciço do Mendanha- Gericinó, como exemplares deste patrimônio. Para ele o maior problema é não ter transformado esse patrimônio em algo que pertença à Baixada no aspecto cultural e educacional. Apesar dos esforços aplicados, Artur acredita que a população está longe desse ideal e que faltam políticas públicas que permitam preservar e evoluir de forma sustentável.

Para ele, a educação ambiental é uma porta de entrada não só para o aspecto da preservação, mas da manutenção não apenas do ambiente, mas de uma lógica de relacionamento entre o homem e o meio ambiente.

Levar a cultura do meio ambiente para o espaço urbano é o maior desafio para sua gestão em Mesquita. O prefeito falou sobre a relação de pouco caso que a população tem com os rios e canais da cidade, contribuindo inclusive com sua degradação, depositando lixo em suas margens.

Artur Messias pretende fazer uma campanha de plantio de árvores, além do horto municipal e implantação da educação ambiental na rede municipal de ensino, assim como nas escolas estaduais presentes no município.

Através da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente, a prefeitura identificou uma região rural em Mesquita com um grande potencial de agricultura familiar (banana, manga, caqui, aipim) e está implantando um programa para comprar parte da produção desses pequenos produtores para suprir creches municipais.

- Estamos firmando um convênio com a Onda Verde para desenvolver projetos em Mesquita – disse o prefeito que acha importante a criação de políticas públicas para a Baixada Fluminense.

A Educadora Ambiental Jaqueline Guerreiro que faz parte da rede de educadores ambientais do Rio de Janeiro, falou da importância de encontros para o fortalecimento das redes, além da criação de grupos de trabalho, estudos e projetos, que podem fortalecer a própria rede. Sobre a criação de uma rede na Baixada Fluminense, ela destacou a importância da ligação entre os municípios, assim como a inserção em outras redes e movimentos para fortalecer na região, o consórcio de ONG’s, ressaltando a internet com um dos grandes elos de fortalecimento da rede.

A gerente da UNILIVRE, Beth Klein, abriu sua apresentação falando sobre o orgulho de ter o primeiro campus avançado da Universidade Livre na Baixada Fluminense.

Ela apresentou alguns dados sobre a UNILIVRE, que é uma OSCIP de referência internacional na área de desenvolvimento e planos sustentáveis. A organização lida com a melhoria da qualidade de vida das cidades e dos habitantes e tem vários convênios de cooperação técnica para a execução de seus projetos.

Beth Klein disse que para eles não importa se uma cidade é extremamente populosa, se ela é de pequeno ou grande porte, o interesse é melhorar a qualidade de vida das pessoas.

- Estamos aqui para perceber o que está sendo feito e trazer experiências de outras cidades para cá – disse a gerente da Unilivre - Estamos trazendo o curso de Educação Ambiental, para sensibilização da comunidade, dizendo como ela pode cuidar do local em que vive e do seu entorno, para que ela tenha melhoria – completou Beth Klein.

Em princípio a Unilivre trará profissionais para capacitar pessoas indicadas pela Onda Verde e dar os primeiros cursos junto às comunidades.

Philippe Pomier Layrargues, Biólogo e gerente de projetos da diretoria de Educação Ambiental do Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) do Ministério do Meio Ambiente falou sobre a estruturação de uma rede de educadores ambientais e da importância de contatos para potencializar a rede. Para ele, a proposta da Onda Verde de criar uma rede é muito interessante, mas só se concretizará com o esforço e comprometimento individual, de cada integrante da rede.

Para ele, o educador ambiental deve estar em sintonia com a rede para poder fazer força e barulho e concluiu dizendo que isso faz a diferença e provoca mudanças em Brasília.

Philippe comentou que 800 educadores de todo o Brasil participaram da elaboração do PRONEA, mostrando que a construção da democracia é importante como ferramenta para trabalhar a educação ambiental em todos os segmentos.

O coordenador da Agenda 21 do Ministério do Meio Ambiente, Ary Martini, falou sobre o mapeamento realizado em 2003 para identificar as agendas 21 no Brasil. Ele identifica a Agenda 21 como sendo uma demanda muito forte da sociedade e que nem sempre o ministério é convidado a participar da elaboração dela e só toma conhecimento quando recebe o convite para o seu lançamento e ressaltou que o programa do governo federal atua onde está sendo implementada a Agenda 21.

- Onde houver interesse de modificar a realidade, nós estaremos presentes. Mas temos uma atuação limitada e não podemos interferir no governo estadual e municipal – concluiu.



Matéria originalmente publicada no Jornal do Meio Ambiente - Edição: Maio/2005.

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